O Blog "Amigos da Floresta" é uma das actividades previstas do projecto "JUNTOS NA PROTECÇÃO" organizado e desenvolvido pela FAJUDIS - Federação das Associações Juvenis do Distrito de Santarém, e por um grupo de jovens voluntários/as que se quiseram associar a este projecto em prol do ambiente e da sustentabilidade florestal. Este, surge no âmbito do Programa Acções para a Sustentebilidade Florestal, promovido pelo Instituto Português da Juventude, I.P. (IPJ), pela Autoridade Florestal Nacional (AFN), e pelo Instituto de Financiamento de Agricultura e Pescas L.P.
Pretende-se criar um espaço de divulgação, partilha e debate, sobre questões relacionadas com Voluntariado, Sustentabilidade Florestal, Juventude e Ambiente. Aqui poderá encontrar informação, programas, projectos e actividades desenvolvidas pela FAJUDIS, e por organizações ligadas à juventude e ao meio ambiente. Contamos com a vossa participação!

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Testemunhos

Carta escrita no ano 2070!!

Ano 2070. Acabo de completar 50 anos, mas a minha aparência é de alguém com 85.

Tenho sérios problemas renais porque bebo muito pouca água. Creio que me resta pouco tempo. Hoje sou uma das pessoas mais idosas desta sociedade. Recordo quando tinha 5 anos. Tudo era muito diferente.
Havia muitas árvores nos parques, as casas tinham bonitos jardins e eu podia desfrutar de um banho de chuveiro com cerca de uma hora.
Agora usamos toalhas de azeite mineral para limpar a pele. Antes, todas as mulheres mostravam as suas formosas cabeleiras. Agora, devemos rapar a cabeça para a manter limpa sem água. Antes, o meu pai lavava o carro com a água que saía de uma mangueira. Hoje, os meninos não acreditam que a água se utilizava dessa forma. Recordo que havia muitos anúncios que diziam CUIDA DA ÁGUA, só que ninguém lhes ligava – pensávamos que a água jamais podia acabar.
Agora, todos os rios, barragens, lagoas e mantos aquíferos estão irreversivelmente contaminados ou esgotados. Antes, a quantidade de água indicada como ideal para beber eram oito copos por dia por pessoa adulta. Hoje só posso beber meio copo. A roupa é descartável, o que aumenta grandemente a quantidade de lixo e tivemos que voltar a usar os poços sépticos (fossas) como no século passado já que as redes de esgotos não se usam por falta de água.
A aparência da população é horrorosa; corpos desfalecidos, enrugados pela desidratação, cheios de chagas na pele provocadas pelos raios ultravioletas que já não tem a capa de ozono que os filtrava na atmosfera.
Imensos desertos constituem a paisagem que nos rodeia por todos os lados.
As infecções gastrointestinais, as enfermidades d apele e das vias urinárias são as principais causas de morte.
A indústria está paralisada e o desemprego é dramático.
As fábricas dessalinizadoras são a principal fonte de emprego e pagam-nos em água potável o salário
Os assaltos por um bidão de água são comuns nas ruas desertas. A comida é 80% sintética. Pela ressequidade da pele, uma jovem de 20 anos está como se tivesse 40. Os cientistas investigam, mas não parece haver solução possível.
Não se pode fábrica água, o oxigénio também está degradado por falta de árvores e isso ajuda a diminuir o coeficiente intelectual das novas gerações.
Alterou-se também a morfologia dos espermatozóides de muitos indivíduos e como consequência há muitos meninos e meninas com insuficiências, mutações e deformações.
O governo cobra-nos pelo ar que respiramos (137 m3 por dia por habitante adulto).
As pessoas que não podem gastar são retiradas das “zonas ventiladas”. Estas estão dotadas de gigantescos pulmões mecânicos que funcionam a energia solar. Embora não sendo de boa qualidade, pode-se respirar. A idade média é de 35 anos.
Em alguns países existem manchas de vegetação normalmente perto de um rio, que é fortemente vigiado pelo exército. A água tornou-se num tesouro muito cobiçado – mais do que o ouro ou os diamantes. Aqui não há árvores, porque quase nunca chove e quando se regista precipitação, é de chuva ácida. As estações do ano têm sido severamente alteradas pelos testes atómicos.
Advertiam-nos que devíamos cuidar do meio ambiente e ninguém fez caso. Quando a minha filha me pede que lhe fale de quando era jovem descrevo o bonito que eram os bosques, lhe falo da chuva, das flores, do agradável’ que era tomar banho e poder pescar nos rios e barragens, beber toda a águia que quisesse, o saudável que era a gente, ela pergunta-me:
Papá! Porque se acabou a água?
Então, sinto um nó na garganta, não deixo de me sentir culpado, porque pertenço à geração que foi destruindo o meio ambiente ou simplesmente não levámos em conta tantos avisos. Agora os nossos filhos pagam um preço alto e sinceramente creio que a vida na terra já não será possível dentro de muito pouco tempo, porque a destruição do meio ambiente chegou a um ponto irreversível.
Como gostaria voltar a trás e fazer com que toda a humanidade compreendesse isto, quando ainda podíamos fazer algo para salvar o nosso planeta terra!


Documento extraído da revista biográfica “Crónicas de los Tiempos” de Abril de 2002

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